UnB/TV relembra a trajetória das cotas na UnB em vídeo especial sobre os 20 anos dessa política afirmativa

05/01/2024

Professores como José Jorge de Carvalho, Dione Moura, Renísia Filice e Nelson Inocêncio relembram, em vídeo produzido pela UnB/TV, aspectos sobre a inserção pioneira da política de cotas na UnB. As análises e narrativas trazidas pelos professores e professoras, além de estudantes, evidenciam os impactos a nível nacional, que surgiram em decorrência da importante discussão sobre a pouquíssima presença de pessoas não brancas dentro do contexto acadêmico brasileiro até o início dos anos 2000. 

O professor José Jorge afirma que há vinte anos chegou a dar aula em turmas com apenas alunos brancos ou em que só havia um estudante negro. Em suas palavras é "impressionante hoje, porque naquele momento a gente achava natural que isso acontecesse, quando não era. Há uma mudança completa, na minha opinião, completa e total entre o que era esse mundo antes das cotas e que era uma exclusão racial total e de muita pouca percepção, muito pouca consciência disso."

Hoje, passados 20 anos do início das cotas, a política está presente em todas as universidades federais brasileiras, mas os primeiros passos foram dados na Universidade de Brasília, conforme rememorou o Seminário Internacional 20 Anos de Cotas +Chegamos, organizado pelo INCTI em junho de 2022. 

Nesse sentido, está em curso um processo de avanços e transformações que se iniciaram com as cotas na graduação e que se aprimoraram possibilitando diversos ganhos para as universidades. Agora, novas narrativas e percepções são possíveis, como expõe o professor José Jorge na entrevista concedida ao especial da UnB/TV: "Então nós estamos naquele momento, que eu chamo agora, das cotas epistêmicas. Começando com as cotas étnico-raciais e agora temos a luta pelas cotas epistêmicas, que ela passa a ser uma universidade pluriepistêmica, que ela tem um tronco de conhecimento ocidental, um tronco de conhecimento afrodiapórico e um tronco de conhecimento indígena. 

Ainda sobre isso, a professora Renísia Felice reforça também a importância da presença dos alunos negros para a universidade, segundo ela: "São estudantes que chegam e deslocam também o que os professores tinham como verdades absolutas, porque eles questionam os referenciais teóricos. Então, é uma universidade em ebulição." 

Estamos agora, ao projetar perspectivas de futuro para as cotas, conforme abordou o Seminário 20+, intensificando o debate sobre a efetivação das cotas na docência. José Jorge propõe que: "Se a universidade tem o antirracismo como um valor de fato, verdadeiro, então faria o seguinte: a cada vez que abre um concurso, não importa se são três vagas, se são duas ou se é uma, entre os aprovados a preferências será para o candidato negro se ele tiver na lista dos aprovados, não importa em que posição ele estiver nessa lista. Você vai fazendo isso até alcançar a igualdade racial, até você ter o mesmo que ocorre na sala de aula, que metade dos discentes são negros."

Confira o vídeo na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=PDA7sBIhFBI

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